1. O som e a Audição
O som é estudado pela física através da acústica. Todo som nos dá a sensação resultante da impressão produzida no ouvido pelo movimento vibratório de um corpo elástico em movimento.
Todo corpo capaz de vibrar provoca um som que é facilmente percebido pelo nosso sistema auditivo.
Podemos verificar isso quando esticamos um elástico entre os dedos e aplicamos uma força sobre ele. Se o aproximarmos dos nossos ouvidos, observaremos um som característico deste material, o mesmo ocorre com a corda de um violão. Esse movimento vibratório se dá quando as moléculas de um corpo são desviadas da sua posição de equilíbrio e depois abandonadas, voltando ao equilíbrio vagarosamente. Quando um corpo sonoro está em vibração na atmosfera, o movimento que ele faz se comunica com o ar que o cerca, chegando aos nossos ouvidos. Quando na atmosfera um corpo vibra de forma constante, sucessiva, o ar entra em vibração e propaga o som em todas as direções através de ondas sonoras, que são resultantes de um movimento vibratório. À medida que essas ondas sonoras se afastam da origem do movimento vibratório, o som vai enfraquecendo até se extinguir.
As vibrações sonoras podem ser realizadas de forma regular e irregular, ou seja, com períodos iguais, constantes, sucessivos ou desiguais. Na forma regular temos o som e na forma irregular temos o ruído (som distorcido e desagradável).
As qualidades ou características básicas de um som são: a intensidade, a altura e o timbre.
A intensidade é a qualidade de o som tornar-se perceptível a maior ou menor distância, é o volume do som; a altura é a qualidade pela qual se distingue um som grave de outro agudo, depende diretamente da frequência do movimento vibratório, quanto maior a frequência (número de vibrações), mais agudo será o som, quanto menor a frequência, mais grave será o som; o timbre é a qualidade que permite distinguir dois sons produzidos por instrumentos diferentes mesmo que estejam na mesma frequência.
2. Percebendo o Som
Todos os tipos de sons são percebidos pelo homem através do aparelho auditivo, o ouvido. Esse aparelho é formado por três partes distintas:
1) O ouvido externo: destinado a concentrar as ondas sonoras.
2) O ouvido médio: destinado a transmitir as ondas sonoras ao nervo auditivo.
3) O ouvido interno: destinado a alojar as terminações do nervo auditivo, cuja sensibilidade especial da lugar à percepção dos sons.
3. A Audição
Como pode a música fazer sentido para um ouvido e um cérebro que se desenvolvem com a finalidade básica de detectar os sons da natureza a fim de proteção, detectando o som do leão que se aproxima, ou o rastejar de uma serpente? O sentido da audição tem 300 milhões de anos, a música existe há um centésimo de milésimo desse período. O que torna belo o som de uma melodia feita por um violino bem afinado, ou o solo de uma flauta? Por que um acorde é “grande”, “feliz” e outro “triste”, “angustiado”? Como determinados sons podem ser belos a alguns ouvidos e terríveis a outros? Porque alguns indivíduos não conseguem ficar sem a música e outros são totalmente indiferentes? E por que, entre bilhões de cérebros, só alguns são capazes de criar a música do êxtase? (sons que deixam a pessoa em pé do lado de fora de si mesma, flutuando, viajando)
Essas perguntas não são novas, nós as encontramos em Platão (pensador grego, nasceu em Atenas em 427 a C.), Kant (Emmanuel Kant: nasceu em Koenigsberg em 1724), Nietzsche (Friedrich Nietzsche: nasceu em Roecken em 1844). No entanto, foi apenas por volta do século passado que os cientistas resolveram levar a música para seus laboratórios com o intuito de verificar tais acontecimentos.
4. O Ouvido
Tenha cuidado com o que você chama de ouvido. A parte externa do ouvido, ou seja, a massa elástica de protuberâncias e dobras (a orelha), é apenas um dispositivo para canalizar o verdadeiro ouvido – o interno – que fica profundamente instalado em sua cabeça. A orelha é chamada de “pinna”, palavra latina que significa “pena” e sua principal tarefa é ampliar o som ao vertê-lo para o ouvido (este tem em média dois e meio centímetros de profundidade).

A música entra pelas orelhas, passando pelo canal do ouvido até chegar ao tímpano, instalado no final desse canal. Até este ponto, o som viaja em forma de ondas de pressão através do ar, após bater no tímpano, prosseguirá seu caminho com movimentos mecânicos.
Logo além do tímpano, está o ouvido médio onde três ossos com formas estranhas, os ossículos, estão presos a ligamentos de modo que o tímpano empurra o primeiro, denominado martelo, que esbarra no segundo, a bigorna, e este, dá um puxão no terceiro, o estribo, jogando o som para dentro de uma abertura que leva ao ouvido interno, cheio de fluído, onde os neurônios (células nervosas) estão à espera dele.
Quando você fala ou canta, o som viaja não apenas de seus lábios para suas orelhas, mas também diretamente por sua cabeça, até chegar ao ouvido interno. De certo modo, você escuta a si mesmo duas vezes, uma pelo canal do ouvido e a outra, pelos ossos da cabeça. O transporte do som pelos ossos torna o som mais alto do que seria de outra forma e muda o conteúdo da receita sonora (a frequência).
Isso explica por que não reconhecemos nossa própria voz numa gravação. Essa gravação contém parte da voz que você escuta.
5. O Ouvido Médio
O ouvido médio fica numa cavidade do crânio, entre os ouvidos externo e interno. Ali se localizam três ossículos: martelo, bigorna e estribo. Os três se movem em sequência e transmitem ao ouvido interno ondas sonoras captadas pelo ouvido externo.
6. O Ouvido Interno
Quando a música completa sua jornada ao longo dos ossículos, sofre outra mudança, desta vez para uma onda de pressão no fluído. O ouvido interno, ou verdadeiro, converte as vibrações do som em informações que o cérebro pode usar, deixando o mundo mecânico para o mundo sensorial, da psicologia. Como mencionado, o ouvido interno é uma cavidade com um fluído. Parte dela contém a cóclea, um tubo enrolado que recebe as vibrações vindas do ouvido médio. Estas, viajam pelo fluído e são detectadas por cílios sensoriais que as convertem em impulsos nervosos. O cérebro interpreta esses impulsos como som.
7. A Perda da Audição
O ouvido tem muitos inimigos: uma pancada forte na cabeça, exposição a intenso barulho, infecções bacterianas, danos bioquímicos causados por drogas, etc.
Tudo isso pode causar a perda da audição. Quando a lesão é séria, não há muito o que fazer, pelo fato de o corpo não poder gerar novas células nervosas como faz com os ossos, a pele e os músculos.
Com o passar dos anos, existe um desgaste auditivo normal, chamado de presbiacusia, quando o limite de nossa audição declina à medida que envelhecemos. Essa é uma surdez natural, consequência da idade. Há também a surdez patológica, provocada por doenças ou acidentes.
8. Identificando os Sons
Toda a nossa experiência auditiva está voltada à identificação dos sons. Um miado de gato, uma torneira pingando ou a voz das pessoas.
Estamos muito mais interessados na natureza do som do que no lugar de onde ele vem. Os sons se afunilam ao entrar em nosso sistema auditivo, é como se a natureza jogasse fora a oportunidade de localização do som e temos que nos preocupar com isto observando, a partir de agora, de onde vêm os elementos sonoros que estamos ouvindo: da direita, da esquerda, do chão, do alto. Os animais fazem essa localização com muito mais frequência e naturalidade. Observe um gato, ao ouvir e pressentir outro animal movimenta suas orelhas a fim de calibrar sua audição. Isso significa que, não tendo a mobilidade das orelhas, deixamos de identificar, por exemplo, a presença de um violino à esquerda, de um baixo à direita, de sopros ao fundo quando assistimos a uma orquestra.
Mesmo perdendo um pouco desta mobilidade auditiva não somos tão ineficientes na localização dos sons. No entanto, as corujas são as campeãs, observam suas caças auditivamente com uma margem de erro ínfimo.
9. Ressonadores Vocais e os Órgãos Articuladores
O som produzido na laringe seria praticamente inaudível se não fosse amplificado e modificado pelas caixas de ressonância próximas à laringe. Para a técnica vocal (o canto), daremos especial atenção aos ressonadores da face. São eles: cavidade da boca, cavidades do nariz e seios paranasais, chamando-os de ressonadores faciais ou voz facial. É esta voz facial que o cantor, seja qual for sua voz, deve e precisa desenvolver. Uma voz que não explora essas resonâncias, mesmo sendo uma voz forte, será uma voz sem brilho e sem qualidade sonora. A voz bem colocada tem penetração, beleza e qualidade.
A voz não impostada, não trabalhada, geralmente é apoiada na garganta, emitindo, assim, sons imperfeitos, sem brilho, mesmo que o timbre seja muito bonito e agradável.
Você já deve ter ouvido falar em “cantar na máscara”, ou seja, utilizar os ressonadores faciais. Observe os ressonadores faciais fazendo este simples teste: coloque uma de suas mãos encostadas no “pomo de adão”, que é a saliência da laringe e a outra entre o lábio superior e o nariz, apenas encoste a mão. Não faça força nem aperte. Com a boca fechada produza um som qualquer, como um “HUM”. Se observar uma vibração no “pomo” você está apoiando a voz na garganta e não nos ressonadores faciais. Não se preocupe, faremos outros exercícios para tal desenvolvimento.
Uma voz que não utiliza os ressonadores faciais tende a provocar um desgaste, obrigando o cantor a um esforço desnecessário e, sem dúvida, sua voz será envelhecida prematuramente.
Impor a voz na face não significa forçá-la nos ressonadores faciais com excessos de emissão e sim emití-la de forma fisiológica sabendo explorá-la de maneira natural.
Os órgãos articuladores são: os lábios, os dentes, a língua, o palato duro, o véu palatar e a mandíbula e são encarregados de transformar a voz falada ou cantada. Qualquer deficiência de articulação irá dificultar o entendimento do que se canta.
É importantíssimo saber pronunciar bem as palavras de acordo com o idioma e suas regras, explorando os articuladores na forma correta dos vocábulos. A cavidade bucal sofre diversas alterações de tamanho e forma pelos movimentos da língua, considerada como o principal órgão da articulação, pois apresenta uma enorme variabilidade de movimentos pela ação dos seus músculos.
10. Abertura da Garganta
Quando comemos alguma coisa que está muito quente, instintivamente abrimos a boca aumentando o espaço interno dela para que a língua e o palato, céu da boca, fiquem o mais afastado possível desse alimento quente, então, quando bocejamos, a língua desce e o palato mole se eleva.
Para entendermos melhor vamos fazer uma experiência?
Vá até o espelho, de preferência o de seu toalete pois deve ser bem iluminado, abra bem a boca e repare no posicionamento da língua e do palato mole (ele está ligado à úvula, mais conhecida como campainha e quando esta sobe eleva o palato mole junto). Repare o movimento da língua e do palato mole. Ouve um aumento considerável do espaço interno da boca, não é?
11. Posição da Boca
É necessário que se abra a boca para que o som seja projetado melhor, repare os cantores de que você mais gosta, mesmo com estilos diferentes, todos abrem bem a boca para cantar.
O maxilar deverá estar bem relaxado procurando não projetá-lo para frente ou para os lados, a língua deverá ser mantida na maior parte do tempo abaixada e relaxada.
12. Concentrando-se
Hoje em dia, técnicas de concentração são muito utilizadas por inúmeros profissionais, pessoas ligadas ao estudo do controle da força da mente, auto conhecimento ou auto ajuda. Usaremos a concentração como forma de meditação. No nosso caso, ela nada mais é do que a atenção absoluta naquilo que vamos executar: uma música ou um exercício. Tudo é fruto dessa concentração.
Desligue-se do mundo, de seus problemas, liberte sua mente de qualquer outro pensamento diferente do canto, dirija sua atenção exclusivamente ao canto. Devido a estas técnicas, sempre recomendamos o estudo da música em geral, seja cantando ou tocando um instrumento musical, às pessoas emocionalmente abaladas, nervosas ou irrequietas. O nervosismo desestrutura qualquer indivíduo e impede que haja uma concentração no que estamos dispostos a fazer.
A concentração, o estado de absoluta atenção no que está fazendo, principalmente durante o estudo ou apresentação musical, é um caminho seguro para a realização das técnicas, para um cantar saudável. Procure dominar seu estado emocional, seu nervosismo e sua impaciência com pensamentos positivos e acredite sempre em você, repita todo dia: “Se estudar com afinco, serei um excelente cantor”.
Colocar-se num estado de relaxamento muscular total, de forma a não perder a energia necessária aos exercícios do canto, torna-se muito importante. Não fique tenso, não provoque nenhum tipo de tensão muscular, principalmente dos órgãos da fonação. É comum observarmos em cantores despreparados um exagero de tensões visíveis no pescoço, perecendo até que o mesmo explodirá ao cantar uma nota muito aguda, fora de seu alcance. É preciso reconhecer seu ponto de equilíbrio, onde a energia necessária à produção da voz cantada não se transforma em força provocada pela tensão muscular excessiva.
13. O Corpo
O cantor deve desenvolver seu corpo. Ele não somente contém a laringe, que produz os seus sons vocais, como também é o seu instrumento.
Imagine-o, por exemplo, com possibilidades de se tornar uma caixa de som de um violino. Vejamos alguns exercícios.
15. EXERCÍCIOS DE RESPIRAÇÃO
16. MÚSICA
A partir deste módulo, temos informações, suficientes para começarmos a perceber e distinguir os sons. Comece com algo simples:
Bata palmas junto com a música de seu gosto, isso fará com que perceba a acentuação musical, os chamados “tempos fortes” da música, cantarole essa mesma canção apenas com “Lá, lá, lá”.
Depois de ter feito esses exercícios, cante sempre junto com a gravação, acompanhe o cantor e nos trechos em que houver algum problema, de afinação ou respiração, não se preocupe, iremos trabalhar muito esses itens do módulo 4 em diante.
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